quarta-feira, 16 de junho de 2010

CAPÍTULO II - Entre nós.

Sem fôlego sentou-se.
- Não encontraram os corpos. - Disse a voz doce e, naquele instante, rouca, de Ana.
- Mas já sabem o que aconteceu, ao menos?
João estava inquieto e desorientado. Eduardo era o mais calmo no ambiente e, portanto, aquele que melhor se comunicava.
- Os vizinhos ouviram gritos após 4 dias sem vê-los e chamaram a polícia, quando o delegado chegou na fazenda não haviam móveis e estava tudo limpo.
- Faz quanto tempo que isso aconteceu?
- Dois... Meses - soluçou Ana.
- Meses? E só agora vocês vieram me avisar?
- Só soube disso ontem.
- Eu a avisei assim que descobri.
- E como você descobriu?
Eduardo permaneceu em silêncio, recordara-se da noite da ante-véspera àquele dia.

Passos apressados levavam Tiago à casa de um desconhecido, seu corpo estremecia diante da maligna energia que o cercava, estava em sua garganta as terríveis palavras que metralhariam o peito de alguém.
- Boa Noite? - Indagou Eduardo ao ver aquela figura que em outra situação poderia parecer-lhe bem apessoado, mas dera com os olhos em um homem magro e de olhos escuros, que não travaja mais que uma calça jeans presa por um cinto marrom.
- Eduardo?
- Sim.
- Preciso falar contigo.
- Sobre?
- Posso entrar?
Tiago sentou-se em uma cadeira de madeira, com detalhes artesanais, recebeu um copo plástico com água e a bebeu.
- O que precisa dizer?
- Tenho que falar a ti sobre seus pais.
- Fale.
- Eles foram assassinados há dois meses, não me pergunte nada mais do que posso contar. É um mistério o que aconteceu, parece-me que a P.D. já está envolvida, pois... Não conseguem encontrar os corpos, e a notícia espalhada em Livra é que eles foram mortos após cumprirem diversar exigências feitas pelos torturadores.
O silêncio surgiu, e durou certo tempo.
- Nada mais se sabe?
- Nada se sabe, são apenas boatos.
- E quem disse que eles foram assassinados?
- A P.D.
- Com que provas?
- Quando entraram na casa não acharam nenhum móvel, nenhuma sujeira, mas encontraram dois potes de vidro dentro do quarto de seus pais, neles estavam dois corações, comprovadamente deles.
O silêncio se reestabeleceu.

- Me contaram. - respondeu Eduardo após longa pausa.
- Quem?
- Não posso dizer, mas é fonte confiável. Também garantiu-me que a Polícia Distrital está envolvida.
- E por que não comunicaram a família?
- Porque não querem assumir a incapacidade que têm.
Ana interrompeu o diálogo.
- Temos que ir, vamos encontrar Henrique ao meio-dia.
- Irei à Livra amanhã com Rafael, encontrem-nos lá.

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