quinta-feira, 1 de julho de 2010

CAPÍTULO IV - Fraternos.

Henrique estava feliz até aquele instante, seus filhos cercavam-no com seus brinquedos e riam do pai que imitava a pouco um mágico muito atrapalhado.
- Temos que ir à Livra amanhã.
Não podendo crer no que ouvia, aquietou-se por bom tempo, nada podia tirá-lo daquela imensa nuvem obscura que o cercava e que por minutos tirou-lhe o ar.
- Não vou. Não posso levar os garotos e não os deixarei sozinhos.
A surpresa de Ana não fez mudar a opinião do irmão, que desde sempre foi mais com seus problemas do que de qualquer outro, fosse quem fosse.

Havia dez anos que casara-se, num dia ensolarado, em um jardim onde estavam seus 127 convidados, todo galantes, dentre eles os 8 mais importantes: sua família. Seus pais sorriam abraçados, aquele fora o terceito casamento dentre os filhos, mas a felicidade era a mesma do primeiro. Os irmãos solteiros choravam e imaginavam que seriam os próximos, entretando, João e Diego não demonstravam emoção ao lado de suas esposas.
Beatriz casara-se grávida, e seis meses após a cerimônia nasceu Fábio, que desde cedo demonstrava seu repleta felicidade, sorrira no primeiro dia de vida, um sorriso longo, que durara tempo suficiente para a enfermeira entregar-lhe à mãe. Foi um sorriso tão longo que sustentara-se até seus sete anos, quando seu irmão nascera, um novo broto que trouxera alegria revitalizada à casa, mas que não atingia Fábio em nenhum momento, a seus olhos surgia sempre o motivo de desprezo a Pedro - que recebera tal nome em homenagem ao avô - Pois este carregava a culpa, culpa sim, por ser responsável pela morte de Beatriz. Ao dar a luz sofrera três paradas cardíacas e não suportara o evento.
E Henrique vivera os passados 3 anos na tentativa de manter seus filhos estabilizados e unidos, para que o caçula não tivesse em mente esta culpa que poderia carregar e que era visto no olhar do irmão.

Estava assustado.
- Fábio, leve seu irmão para o quarto.
Assustador seria para seus filhos terem consciência do que pudera ter acontecido com seus avós. Mais assustador ainda seria descobrir o que pudera ter acontecido, e envolver-se no ar denso de angústia de seus irmãos.

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