Após a ida dos irmãos, Henrique respirou fundo.
- O que foi, papai?
Os olhos tristes e curiosos do menino surgiram como um abraço apertado.
- Nada, meu filho.
- Ouvi a tia Ana falando da vovó e do vovô. Aconteceu alguma coisa, pai?
- Não, Fábio. Está tudo bem, os seus avós estão bem.
Agora seus olhos eram de aflição.
Fábio afastara-se do pai e voltara ao quarto de seu irmão, que brincava. O olhar restrito o prendia a seus pensamentos inocentes e confusos, dentre eles, a possibilidade da morte dos avós, o que antes parecera impossível, agora era algo que não sairá mais da mente do garoto de apenas 10 anos.
Delírios Noturnos
O caminho de uma rua sem luz
sábado, 10 de julho de 2010
quinta-feira, 1 de julho de 2010
CAPÍTULO IV - Fraternos.
Henrique estava feliz até aquele instante, seus filhos cercavam-no com seus brinquedos e riam do pai que imitava a pouco um mágico muito atrapalhado.
- Temos que ir à Livra amanhã.
Não podendo crer no que ouvia, aquietou-se por bom tempo, nada podia tirá-lo daquela imensa nuvem obscura que o cercava e que por minutos tirou-lhe o ar.
- Não vou. Não posso levar os garotos e não os deixarei sozinhos.
A surpresa de Ana não fez mudar a opinião do irmão, que desde sempre foi mais com seus problemas do que de qualquer outro, fosse quem fosse.
Havia dez anos que casara-se, num dia ensolarado, em um jardim onde estavam seus 127 convidados, todo galantes, dentre eles os 8 mais importantes: sua família. Seus pais sorriam abraçados, aquele fora o terceito casamento dentre os filhos, mas a felicidade era a mesma do primeiro. Os irmãos solteiros choravam e imaginavam que seriam os próximos, entretando, João e Diego não demonstravam emoção ao lado de suas esposas.
Beatriz casara-se grávida, e seis meses após a cerimônia nasceu Fábio, que desde cedo demonstrava seu repleta felicidade, sorrira no primeiro dia de vida, um sorriso longo, que durara tempo suficiente para a enfermeira entregar-lhe à mãe. Foi um sorriso tão longo que sustentara-se até seus sete anos, quando seu irmão nascera, um novo broto que trouxera alegria revitalizada à casa, mas que não atingia Fábio em nenhum momento, a seus olhos surgia sempre o motivo de desprezo a Pedro - que recebera tal nome em homenagem ao avô - Pois este carregava a culpa, culpa sim, por ser responsável pela morte de Beatriz. Ao dar a luz sofrera três paradas cardíacas e não suportara o evento.
E Henrique vivera os passados 3 anos na tentativa de manter seus filhos estabilizados e unidos, para que o caçula não tivesse em mente esta culpa que poderia carregar e que era visto no olhar do irmão.
Estava assustado.
- Fábio, leve seu irmão para o quarto.
Assustador seria para seus filhos terem consciência do que pudera ter acontecido com seus avós. Mais assustador ainda seria descobrir o que pudera ter acontecido, e envolver-se no ar denso de angústia de seus irmãos.
- Temos que ir à Livra amanhã.
Não podendo crer no que ouvia, aquietou-se por bom tempo, nada podia tirá-lo daquela imensa nuvem obscura que o cercava e que por minutos tirou-lhe o ar.
- Não vou. Não posso levar os garotos e não os deixarei sozinhos.
A surpresa de Ana não fez mudar a opinião do irmão, que desde sempre foi mais com seus problemas do que de qualquer outro, fosse quem fosse.
Havia dez anos que casara-se, num dia ensolarado, em um jardim onde estavam seus 127 convidados, todo galantes, dentre eles os 8 mais importantes: sua família. Seus pais sorriam abraçados, aquele fora o terceito casamento dentre os filhos, mas a felicidade era a mesma do primeiro. Os irmãos solteiros choravam e imaginavam que seriam os próximos, entretando, João e Diego não demonstravam emoção ao lado de suas esposas.
Beatriz casara-se grávida, e seis meses após a cerimônia nasceu Fábio, que desde cedo demonstrava seu repleta felicidade, sorrira no primeiro dia de vida, um sorriso longo, que durara tempo suficiente para a enfermeira entregar-lhe à mãe. Foi um sorriso tão longo que sustentara-se até seus sete anos, quando seu irmão nascera, um novo broto que trouxera alegria revitalizada à casa, mas que não atingia Fábio em nenhum momento, a seus olhos surgia sempre o motivo de desprezo a Pedro - que recebera tal nome em homenagem ao avô - Pois este carregava a culpa, culpa sim, por ser responsável pela morte de Beatriz. Ao dar a luz sofrera três paradas cardíacas e não suportara o evento.
E Henrique vivera os passados 3 anos na tentativa de manter seus filhos estabilizados e unidos, para que o caçula não tivesse em mente esta culpa que poderia carregar e que era visto no olhar do irmão.
Estava assustado.
- Fábio, leve seu irmão para o quarto.
Assustador seria para seus filhos terem consciência do que pudera ter acontecido com seus avós. Mais assustador ainda seria descobrir o que pudera ter acontecido, e envolver-se no ar denso de angústia de seus irmãos.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
CAPÍTULO III - Simples.
No pacato caminho à casa de Henrique, Eduardo pensara em tudo o que havia acontecido com seus pais e que pudera ter ocorrido durante aqueles dias em que passaram sob os olhos de seus assassinos. Mas logo viera a sua mente a fazenda, aquele lugar onde vivera sua infância, brincara de pega-pega com seus irmãos e piquesconde com os vizinhos.
Uma leve lágrima escorreu pelo rosto do rapaz e a partir daqui nada seria como antes.
Uma leve lágrima escorreu pelo rosto do rapaz e a partir daqui nada seria como antes.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
CAPÍTULO II - Entre nós.
Sem fôlego sentou-se.
- Não encontraram os corpos. - Disse a voz doce e, naquele instante, rouca, de Ana.
- Mas já sabem o que aconteceu, ao menos?
João estava inquieto e desorientado. Eduardo era o mais calmo no ambiente e, portanto, aquele que melhor se comunicava.
- Os vizinhos ouviram gritos após 4 dias sem vê-los e chamaram a polícia, quando o delegado chegou na fazenda não haviam móveis e estava tudo limpo.
- Faz quanto tempo que isso aconteceu?
- Dois... Meses - soluçou Ana.
- Meses? E só agora vocês vieram me avisar?
- Só soube disso ontem.
- Eu a avisei assim que descobri.
- E como você descobriu?
Eduardo permaneceu em silêncio, recordara-se da noite da ante-véspera àquele dia.
Passos apressados levavam Tiago à casa de um desconhecido, seu corpo estremecia diante da maligna energia que o cercava, estava em sua garganta as terríveis palavras que metralhariam o peito de alguém.
- Boa Noite? - Indagou Eduardo ao ver aquela figura que em outra situação poderia parecer-lhe bem apessoado, mas dera com os olhos em um homem magro e de olhos escuros, que não travaja mais que uma calça jeans presa por um cinto marrom.
- Eduardo?
- Sim.
- Preciso falar contigo.
- Sobre?
- Posso entrar?
Tiago sentou-se em uma cadeira de madeira, com detalhes artesanais, recebeu um copo plástico com água e a bebeu.
- O que precisa dizer?
- Tenho que falar a ti sobre seus pais.
- Fale.
- Eles foram assassinados há dois meses, não me pergunte nada mais do que posso contar. É um mistério o que aconteceu, parece-me que a P.D. já está envolvida, pois... Não conseguem encontrar os corpos, e a notícia espalhada em Livra é que eles foram mortos após cumprirem diversar exigências feitas pelos torturadores.
O silêncio surgiu, e durou certo tempo.
- Nada mais se sabe?
- Nada se sabe, são apenas boatos.
- E quem disse que eles foram assassinados?
- A P.D.
- Com que provas?
- Quando entraram na casa não acharam nenhum móvel, nenhuma sujeira, mas encontraram dois potes de vidro dentro do quarto de seus pais, neles estavam dois corações, comprovadamente deles.
O silêncio se reestabeleceu.
- Me contaram. - respondeu Eduardo após longa pausa.
- Quem?
- Não posso dizer, mas é fonte confiável. Também garantiu-me que a Polícia Distrital está envolvida.
- E por que não comunicaram a família?
- Porque não querem assumir a incapacidade que têm.
Ana interrompeu o diálogo.
- Temos que ir, vamos encontrar Henrique ao meio-dia.
- Irei à Livra amanhã com Rafael, encontrem-nos lá.
- Não encontraram os corpos. - Disse a voz doce e, naquele instante, rouca, de Ana.
- Mas já sabem o que aconteceu, ao menos?
João estava inquieto e desorientado. Eduardo era o mais calmo no ambiente e, portanto, aquele que melhor se comunicava.
- Os vizinhos ouviram gritos após 4 dias sem vê-los e chamaram a polícia, quando o delegado chegou na fazenda não haviam móveis e estava tudo limpo.
- Faz quanto tempo que isso aconteceu?
- Dois... Meses - soluçou Ana.
- Meses? E só agora vocês vieram me avisar?
- Só soube disso ontem.
- Eu a avisei assim que descobri.
- E como você descobriu?
Eduardo permaneceu em silêncio, recordara-se da noite da ante-véspera àquele dia.
Passos apressados levavam Tiago à casa de um desconhecido, seu corpo estremecia diante da maligna energia que o cercava, estava em sua garganta as terríveis palavras que metralhariam o peito de alguém.
- Boa Noite? - Indagou Eduardo ao ver aquela figura que em outra situação poderia parecer-lhe bem apessoado, mas dera com os olhos em um homem magro e de olhos escuros, que não travaja mais que uma calça jeans presa por um cinto marrom.
- Eduardo?
- Sim.
- Preciso falar contigo.
- Sobre?
- Posso entrar?
Tiago sentou-se em uma cadeira de madeira, com detalhes artesanais, recebeu um copo plástico com água e a bebeu.
- O que precisa dizer?
- Tenho que falar a ti sobre seus pais.
- Fale.
- Eles foram assassinados há dois meses, não me pergunte nada mais do que posso contar. É um mistério o que aconteceu, parece-me que a P.D. já está envolvida, pois... Não conseguem encontrar os corpos, e a notícia espalhada em Livra é que eles foram mortos após cumprirem diversar exigências feitas pelos torturadores.
O silêncio surgiu, e durou certo tempo.
- Nada mais se sabe?
- Nada se sabe, são apenas boatos.
- E quem disse que eles foram assassinados?
- A P.D.
- Com que provas?
- Quando entraram na casa não acharam nenhum móvel, nenhuma sujeira, mas encontraram dois potes de vidro dentro do quarto de seus pais, neles estavam dois corações, comprovadamente deles.
O silêncio se reestabeleceu.
- Me contaram. - respondeu Eduardo após longa pausa.
- Quem?
- Não posso dizer, mas é fonte confiável. Também garantiu-me que a Polícia Distrital está envolvida.
- E por que não comunicaram a família?
- Porque não querem assumir a incapacidade que têm.
Ana interrompeu o diálogo.
- Temos que ir, vamos encontrar Henrique ao meio-dia.
- Irei à Livra amanhã com Rafael, encontrem-nos lá.
terça-feira, 15 de junho de 2010
CAPÍTULO I - Pronto.
E ele estava pronto.
- Atire
Engatilhou a arma e respirou fundo.
- Estou pronto.
- Atire.
Ouvia-se apenas o vento e os galhos das árvores, era tarde e todos dormiam ansiosos, sabiam que havia chegado a hora e não suportaram a insônia.
- Diga algo!
- Atire!
O silêncio se prolongava ao som dos ratos que passavam no porão, prontos para o ataque.
- Esse silêncio me sufoca.
- Atire! Atire Logo!
Este homem apressado não sabia como controlar suas palavras. O tiro o derrubou no chão.
- Estou pronto. Diga Algo. Não tenho medo de usar a segunda bala.
O outro mantinha presa toda sua fúria. Contida aos gritos em uma caixa à prova de sons, alojada em seu peito.
- Eu só peço... Atire.
As lágrimas que percorriam o belo rosto de Ana não faziam nenhum efeito sobre a xai alojada no peito de Daniel.
- Não sem antes ouvir de você.
O sangue que saía do ferimento de bala percorria o quarto, sujando as almofadas ao chão, poderíamos ouvir um leve rebuliço a 40 metros dali, em um minuto o local estaria o centro das atenções alheias.
- Estão chegando, atire logo.
A súplica pela morte fazia Daniel inquietar-se, não podia conter mais seu peito.
- Fala! Sua vadia! Tudo o que aconteceu aqui! Fala! Tudo o que você fez! Seu choro não me faz mais me sentir mal! Você é uma vadia!... Chega.
A porta se abriu rapidamente e ela acordou assustada.
- O que foi?
- Desculpe o incômodo senhorita, mas um rapaz insiste em falar-lhe.
- São quatro da manhã.
- Ele diz ser urgente.
- Peça que suba. E obrigada.
- Farei-o.
Rapidamente ela levantou-se despida e vestiu seu roupão, logo ouvia-se a rígida e desesperada batida à porta que sozinha entrabriu-se.
- Precisamos conversar.
- O que tem a me dizer?
A espantosa conversa deixou Ana sem fôlego, a incompreensível notícia fez dela visivelmente perplexa.
- Onde teremos que ir?
E saíram ao vento, um silencioso nervosismo. O frio abafava os vidros do carro e arrepiavam Eduardo, que tentava manter-se sereno para que Ana não ficasse mais assustada.
Percorreram a Rodovia 21 por oitenta e nove minutos, até chegarem à Livra, onde vivia a família da moça. O abalo de Ana acontecera devido o assassinato de um casal de senhores, fazendeiros, que viviam há 68 anos em Livra, há 50 deles casados e com sete frutos desta união que haviam deixado ambos sós há 5 anos, Pedro e Maria passaram seus últimos dias deitados em cama própria, sem mesmo poder ir ao banheiro, ameaçados por um machado e um homem.
João, Henrique, Rafael, Diego, Rubens, Eduardo e Ana não tinham ideia do que estava acontecendo, pois havia tempo que não se comunicavam com os pais.
Chegando à casa onde viveram toda a infância e juventude encontraram apenas uma carta da polícia local presa à porta, após lerem, Ana e Eduardo ficaram ainda mais perplexos e calados.
- Atire
Engatilhou a arma e respirou fundo.
- Estou pronto.
- Atire.
Ouvia-se apenas o vento e os galhos das árvores, era tarde e todos dormiam ansiosos, sabiam que havia chegado a hora e não suportaram a insônia.
- Diga algo!
- Atire!
O silêncio se prolongava ao som dos ratos que passavam no porão, prontos para o ataque.
- Esse silêncio me sufoca.
- Atire! Atire Logo!
Este homem apressado não sabia como controlar suas palavras. O tiro o derrubou no chão.
- Estou pronto. Diga Algo. Não tenho medo de usar a segunda bala.
O outro mantinha presa toda sua fúria. Contida aos gritos em uma caixa à prova de sons, alojada em seu peito.
- Eu só peço... Atire.
As lágrimas que percorriam o belo rosto de Ana não faziam nenhum efeito sobre a xai alojada no peito de Daniel.
- Não sem antes ouvir de você.
O sangue que saía do ferimento de bala percorria o quarto, sujando as almofadas ao chão, poderíamos ouvir um leve rebuliço a 40 metros dali, em um minuto o local estaria o centro das atenções alheias.
- Estão chegando, atire logo.
A súplica pela morte fazia Daniel inquietar-se, não podia conter mais seu peito.
- Fala! Sua vadia! Tudo o que aconteceu aqui! Fala! Tudo o que você fez! Seu choro não me faz mais me sentir mal! Você é uma vadia!... Chega.
A porta se abriu rapidamente e ela acordou assustada.
- O que foi?
- Desculpe o incômodo senhorita, mas um rapaz insiste em falar-lhe.
- São quatro da manhã.
- Ele diz ser urgente.
- Peça que suba. E obrigada.
- Farei-o.
Rapidamente ela levantou-se despida e vestiu seu roupão, logo ouvia-se a rígida e desesperada batida à porta que sozinha entrabriu-se.
- Precisamos conversar.
- O que tem a me dizer?
A espantosa conversa deixou Ana sem fôlego, a incompreensível notícia fez dela visivelmente perplexa.
- Onde teremos que ir?
E saíram ao vento, um silencioso nervosismo. O frio abafava os vidros do carro e arrepiavam Eduardo, que tentava manter-se sereno para que Ana não ficasse mais assustada.
Percorreram a Rodovia 21 por oitenta e nove minutos, até chegarem à Livra, onde vivia a família da moça. O abalo de Ana acontecera devido o assassinato de um casal de senhores, fazendeiros, que viviam há 68 anos em Livra, há 50 deles casados e com sete frutos desta união que haviam deixado ambos sós há 5 anos, Pedro e Maria passaram seus últimos dias deitados em cama própria, sem mesmo poder ir ao banheiro, ameaçados por um machado e um homem.
João, Henrique, Rafael, Diego, Rubens, Eduardo e Ana não tinham ideia do que estava acontecendo, pois havia tempo que não se comunicavam com os pais.
Chegando à casa onde viveram toda a infância e juventude encontraram apenas uma carta da polícia local presa à porta, após lerem, Ana e Eduardo ficaram ainda mais perplexos e calados.
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